DE FATO X O MOSSOROENSE: DISCURSO DE INTERESSES NA DIVULGAÇÃO DO RESULTADO DAS ELEIÇÕES 2008

Higo da Silva Lima - UERN
Valécio Bruno da Silva Viana - UERN

A prefeita de Mossoró, Maria de Fátima Rosado (DEM) foi reeleita com 53% dos votos válidos no último dia 5 de outubro. A segunda colocada, Larissa Rosado (PSB) obteve 37% dos votos válidos. Esse fato ocorreu realmente na data citada e é de conhecimento público. Mas cada pessoa pode interpretá-lo de forma diferenciada. Até mesmo os veículos de comunicação, por meio do discurso selecionado, costumam interpretar os fatos da forma que lhe seja mais conveniente. Segundo Charaudeau (2006), as mídias deveriam ser classificadas como prestadoras de serviços garantidoras da democracia, considerando que tornam públicos fatos ignorados ou desconhecidos. Porém, essa visão “filantrópica” não se sustenta porque elas se configuram como empresas comerciais, que buscam o maior número possível de “consumidores”. Dessa forma, os veículos de comunicação costumam transmitir as notícias sempre baseados nos seus interesses. Uma prova disso é o tratamento do fato tratado acima por dois jornais da cidade em questão: O Mossoroense e Jornal de Fato. Ambos publicaram edições extraordinárias no dia 6 de outubro (normalmente, os dois não circulam nas segundas-feiras), com a cobertura das eleições municipais. O jornal O Mossoroense, controlado por um grupo político no qual se insere a segunda colocada Larissa Rosado, traz a manchete “Fafá tem maior votação, mas pode não tomar posse”; enquanto o jornal De Fato, aliado politicamente à prefeita reeleita, diz “Fafá se reelege com 19.180 votos de maioria sobre Larissa”. Tomamos as capas dos dois jornais como corpus e analisamos o discurso empregado nos textos que remetem ao resultado do pleito em Mossoró.