O DIABO LOURO: IDENTIDADES MÚLTIPLAS NO CINEMA
Janaina de Jesus Santos - UESB
Nosso trabalho visa analisar como é constituída discursivamente a identidade Corisco, no filme Deus e o diabo na terra do sol (1964), de Glauber Rocha, a partir dos pressupostos teóricos da Análise do Discurso Francesa, fundamentada sobre os postulados de Michel Foucault. São problematizadas questões relacionadas às posições de sujeito assumidas pelo cangaceiro apreendidas no discurso fílmico, compreendido em sua especificidade, quer seja através de enunciados verbais ou não-verbais. Então, no primeiro momento, buscaremos ver como acontece a construção de efeitos de sentido no filme sobre o cotidiano nordestino e de identidade do povo que perpassa pelas várias técnicas e estratégias do fazer artístico e ultrapassa questões de origem e intencionalidade de seu diretor. Essa constituição identitária foi analisada a partir da irrupção de enunciados do filme através de imagens, iluminação, diálogos, zoom etc. que formam uma série enunciativa. No segundo momento, pensamos a identidade de acordo com Bauman e questionamos a construção de identidades do homem comum na produção discursiva do filme, considerando que, nesse conjunto, valendo-se da memória, elementos são trazidos como novos para constituir discursivamente essa história. Os deslizamentos que compõem os diferentes domínios discursivos da análise, portanto, revelarão a constituição de um sujeito contemporâneo, os traços e indícios de suas identidades que não colocam em destaque somente características regionais, mas formatam o quadro de uma sociedade clivada por discursos múltiplos e globais. Dessa maneira, sujeito e acontecimentalização constróem um espaço discursivo ao mesmo tempo coletivo e singularizado.
Palavras-chave: Cinema. Discurso. Identidade. Memória.