A ALTERIDADE NA “INFÂNCIA” DE GRACILIANO RAMOS 

Anuska Bezerra - UFRN
Monalisa Medeiros - UFRN

A partir da obra “Infância”, de Graciliano Ramos, discutiremos a abordagem do autor quanto às relações construídas entre o ser infante e o “outro”, representado pelo mundo adulto, a partir dos pequenos relatos que o livro, de narrativa fragmentada, apresenta. Essa infância se mostra enigmática na medida em que, segundo Jorge Larossa, no texto “O enigma da infância ou o que vai do impossível ao verdadeiro”, “à medida que encarna a aparição da alteridade, a infância não é nunca o que sabemos (é o outro de nossos saberes) (...) não é nunca a presa de nosso poder (é o outro que não pode ser submetido)”. A problemática, então, constitui-se na dificuldade de relacionamento entre esses pólos: infante e adulto. Trataremos, também, o aspecto da brincadeira (fenômeno presente na vida de toda criança) como processual para a construção das relações sociais e da cultura - na perspectiva de Walter Benjamin, em “Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação”. Constatamos que o papel do brincar se estende para além do lúdico, estabelecendo-se como elemento encaminhador para a relação da criança com a sociedade e com o mundo. Dessa forma, procuraremos salientar a importância da percepção do papel da criança na sociedade, dada a marginalidade em que ela é posta, como bem mostra a obra autobiográfica de Graciliano.