A AVALIAÇÃO INTERDISCURSIVA NA PRODUÇÃO DE GÊNEROS DISCURSIVOS
Aloísio Dantas - UFCG
Em termos de reflexão sobre genericidade textual-discursiva, Mikhail Bakhtin sobressai-se por sua aguda percepção desse fenômeno de linguagem, numa época em que ainda se reduzia o estudo da linguagem a aspectos do sistema lingüístico, incluindo sua história, e a valores estilísticos do texto literário. No entanto, essa concepção de genericidade ainda se restringe, na maioria dos estudos, aos problemas de recepção, ficando de lado aspectos como a produção de textos. Este nosso trabalho pretende trazer para a discussão essa dimensão, caracterizada pela noção de avaliação interdiscursiva. Defendemos a hipótese de que o texto significará apenas se o inserirmos num gênero discursivo, com uma finalidade reconhecida, sujeito de fala legítimos, um suporte distribuível e, principalmente, uma avaliação interdiscusiva que lhe reconheça como legível para uma comunidade discursiva. Nesse caso, a comunidade pode ser pedagógica, religiosa, política, jurídica ou qualquer outra de uma formação social. Somente então esse gênero discursivo terá uma organização textual. Analisaremos um texto extraído do romance Dona Guidinha do Poço, de Manoel de Oliveira Paiva. O objetivo central da pesquisa é demonstrar que os gêneros textuais não são usados aleatoriamente, mas necessitam de uma avaliação ideológica/cultural, que se efetiva em relações sociais concretas, que dispõem de discursos anteriormente citados.