A PARRHESÍA COMO TÉCNICA DE SUBJETIVAÇÃO DE HOMOAFETIVOS INSCRITOS NA G MAGAZINE
Ana Maria de Carvalho - UFRN
O trabalho consiste na análise do funcionamento da parrhesía como técnica de subjetivação de sujeitos homoafetivos. Para desenvolvê-lo, elegemos as cartas-pergunta endereçadas à revista G Magazine como corpus para procedermos a análise da constituição do sujeito ético ao recorrer ao uso dessa técnica. O conceito de parrhesía desenvolvido por Michel Foucault é entendido com uma técnica que permite ao mestre ou ao médico, nas coisas verdadeiras que tem conhecimento, utilizar como convém, o que é eficaz, o que é útil para o trabalho de transformação de seu discípulo ou de seu paciente.Tal conceito, juntamente às teorizações sobre o sujeito desenvolvidas por esse teórico e trazidas para a Análise do Discurso francesa serão mobilizados em nossa análise. Nas cartas analisadas, a parrhesía funciona no processo dialógico que coloca sujeitos numa relação intersubjetiva em que o homoafetivo busca, na palavra do outro, no caso, o psicólogo, a verdade que lhe possibilita construir-se eticamente (no sentido foucautiano). Assim, a parrhesía é uma ferramenta que oferece ao analista do discurso elementos para se entender o processo de subjetivação, uma vez que, por meio dela, podemos entrever o discurso-outro que constitui o sujeito. Em nossa análise verificamos como homoafetivos busca na palavra do paherresiata o que pode fazê-lo mudar de vida no sentido de enfrentamento às interdições. Os resultados apontaram que a parrhesía é uma técnica eficaz para se entender a construção ética dos sujeitos homoafetivos em sua agonística com as relações de poder que tentam objetivá-lo.