CADEIAS INTERTEXTUAIS E CADEIAS DE GÊNERO: QUESTÕES DE MUDANÇA TERMINOLÓGICA
Kennedy Cabral Nobre - UFC
Tomando como ponto de partida investigações arqueológicas baseadas em Bakhtin (1999, 2000,) tanto sobre gênero discursivo quanto sobre algumas noções relacionadas à intertextualidade, este trabalho tem como objetivo discutir as diferenças conceituais entre a expressão cadeias intertextuais (FAIRCLOUGH, 1992) e a expressão (relativamente análoga) cadeias de gêneros (FAIRCLOUGH, 2003) – esta última utilizada pelo lingüista britânico no lugar da primeira após um refinamento teórico ocorrido na Análise Crítica do Discurso. Ambos os termos designam transformações sistemáticas que envolvem a passagem de um texto para outro, havendo necessariamente regularidade e previsibilidade em tais transformações. Contudo, acreditamos que qualquer mudança terminológica pode implicar mudanças de perspectiva teórica e conseqüentemente em mudanças no seu trato metodológico. O que temos observado é que o uso do termo cadeias de gêneros apropria-se melhor à definição dada porquanto imprime uma maior relação entre os textos encadeados. Entretanto, sua escolha em detrimento da terminologia primitiva (cadeias intertextuais) furta à abordagem aspectos que envolvem hibridização e posterior mudança – um dos mais relevantes conceitos da ACD, além de deslocar-se do modelo tridimensional do discurso, no qual as relações de intertextualidade são responsáveis pela ligação entre os eventos (textos) e as ideologias e hegemonias das práticas sociais. Defendemos, por fim, a constante associação das questões intertextuais aos estudos das cadeias de gênero.