GERAÇÃO DOS MAUS: A CONTRACULTURA BEAT NA LITERATURA POTIGUAR
Joaquim Adelino Dantas de Oliveira - UFRN
José Humberto Dutra, no ano de 1964, na época um jovem natalense, escreveu uma novela intitulada Geração dos Maus, homônima ao livro em que está inserida. O texto narra a história da louca juventude de Carlos, um garoto que vive na cidade de Natal, nos anos 1960. Em meio à calmaria tediosa da provinciana capital do estado do RN, o jovem Carlos, a fim de abandonar a vida sem emoções que leva, passa a conviver com os transviados da cidade, levando seu estilo de vida e se metendo em rachas acelerados pelas avenidas, festas regadas a drogas e sexo etc. Anteriormente a esta novela, em meados dos anos 1950, foi criado nos Estados Unidos um movimento literário contracultural que muito tem em comum com a visão de Dutra. Esta “escola” buscava a libertação do “American Way os Life” (conformismo pós-segunda guerra que se instaurou no país). Era a Geração Beatnik. Para se opor ao modo de vida norte-americano, que julgavam decadente, os beats, como se intitulavam os autores adeptos desta estética, escreveram textos onde a ficção e a realidade se confundem, mesclando longas viagens despropositadas pelo país ao uso de alucinógenos, o budismo à exploração dos limites da sexualidade etc. Com base na própria novela de Dutra, em autores beats como Jack Kerouak, Neal Cassidy, William Burroughs, no trabalho de críticos como Tarcísio Gurgel e também com o amparo da contextualização histórica de Heloisa Buarque de Hollanda e Marcos A. Gonçalves, o presente trabalho, de maneira breve, traça um paralelo entre o estilo revolucionário do Movimento Beatnik e o da novela de J. H. Dutra. A fim de analisar a relação que estes têm um com o outro e com a sociedade em que estavam inseridos, intentamos perceber como esta (a relação sociedade-autor) influenciou na criação e no desenvolvimento das características da estética dos “malditos” e do jovem escritor natalense. O motivo pelo qual elaboramos esta análise, portanto, foi o ineditismo do ângulo de visão empregado, que proporciona uma melhor apreciação da influência cultural da sociedade moderna na Literatura.