O PROJETO NEOLIBERAL EM PRÁTICAS DISCURSIVAS DA REVISTA NOVA ESCOLA E SUAS IMPLICAÇÕES NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
Carmen Brunelli de Moura - UFRN
A proposta deste texto é problematizar a relação entre os discursos de governamentalidade no programa de desenvolvimento profissional proposto pela Revista Nova Escola e as políticas neoliberais nos anos 2000. Este estudo faz parte de uma tese que vem sendo desenvolvida no campo da Lingüística Aplicada acerca da constituição das subjetividades de professores em práticas de desenvolvimento profissional, propostas pela mídia educacional, compreendida como uma prática discursiva alternativa. A partir do encargo “natural” da mídia em relação à condução da conduta do professor, algumas inquietações surgem: o que certificam essas “promessas? Que efeitos de sentido são instaurados por essas “promessas”? Como as “promessas” veiculadas pela Revista orientam, atualizam, transformam os repertórios de conduta dos professores e refletem os valores neoliberais? Tais questões serão tratadas a partir da perspectiva interpretativista discursiva, de alguns conceitos-chave da Análise de Discurso de orientação francesa e de trabalhos acerca da pesquisa educacional (ROSE, 1996, 1998, 1999a, 1999b; PETERS, 2001, 2008; MARSHALL, 1996, 2008, GARCIA, 1995), da mídia (FISCHER, 2002, 2007, 2008) e da governamentalidade, principalmente, das tecnologias do eu (FOUCAULT, 1995, 2003, 2004, 2008), que são úteis para a compreensão dos espaços alternativos em que se instituem formas diferentes de governo dos sujeitos na contemporaneidade. O que a problematização da relação do jogo discursivo entre a Revista e as práticas neoliberais revela, ou, ao menos, descreve, é a produção de “promessas” de “liberdade”, “autonomia”, “autocontrole”, que seduzem e transformam os professores em elementos significativos para o Estado assim como demonstra a construção de jogos de verdade que vão constituir o professor em um movimento de “emancipação”.