SOBRE O DISCURSO VERDADEIRO E O DISCURSO FALSO NO CRÁTILO
Telmir de Souza Soares - UERN
Platão sempre foi um das principais referências para se pensar a validade, a aplicabilidade e a veracidade do discurso no ocidente. Deve-se tal importância a ter sido ele um dos primeiros a tematizar as condições necessárias para um discurso ser considerado adequado ou não. Nos procedimentos discursivos dialéticos em Platão vemos a necessidade do discurso ser coerente, fundamentado e aderido ao verdadeiro. Nosso trabalho versa sobre o discurso verdadeiro e o discurso falso no Crátilo de Platão. Esta, que é uma obra principal ao tratar da linguagem, e mais especificamente dos nomes, nos deixa perceber a carência de sentido daqueles que propõem uma concepção convencionalista da constituição dos nomes, a saber, Protágoras, que defendia que “o homem é a medida de todas as coisas” e, mais especificamente no Crátilo, Hermógenes. As considerações de Platão sobre o discurso verdadeiro e o discurso falso nascem das necessidades do ato discursivo, considerações essas que ele leva Hermógenes a perceber por meio da dialética e do elenchos. Uma vez que existe verdadeiro e o falso, logo deve haver um discurso verdadeiro e um discurso falso e, portanto, numa situação discursiva, ao se buscar definir alguma coisa a alguém caberá o discurso verdadeiro e a outro o discurso falso. Tais considerações de Platão nos mostram as necessidades intrínsecas de qualquer discurso que se queira discurso enquanto tal, ou seja, de ser fundamentado e coerente a fim de não incorrer em aporias.