A TEXTURA E A FORMA EM LINDEMBERGUE CARDOSO: UMA ANÁLISE DE MONÓDICA I

Henderson J. Rodrigues - UERN
Marco Antonio Silva - UFPB

A estruturação da música de concerto do último século tem sido um assunto muito avaliado, sendo palco de diferentes teorias de análise musical. O levantamento da segmentação, das características musicais e as relações entre as partes é o ponto central desta discussão. O objetivo desta análise é compreender, na obra Monódica I de Lindembergue Cardoso, como a forma foi delimitada, qual a relação existente entre a textura musical e a organização das alturas, e como as escolhas do compositor se relacionam com sua preferência estética. Para tanto utilizamos como base teórica para a análise textural conceitos de Berry (1976), Goldstein (1980), Wennestrom (1975) e Delone (1975) como densidade textural, tipos e organização textural. Para a análise das alturas foram utilizados conceitos de análise serial e teoria dos conjuntos, bem como o conceito de densidade-altura e densidade-ritmo por nós proposta. Foi realizado um paralelo entre as características da textura musical e da organização das alturas. Desta maneira concluímos que o compositor faz uso de padrões característicos de alturas (serialismo, conjuntos), de ritmos (ostinatos), e de texturas contrastantes (monofônica, homofônica) para criar um sentido de ambigüidade, os objetos sonoros utilizados criam a impressão de uma linha polifônica, porém, observamos que se trata de uma ilusão aparente do tratamento textural da obra. As passagens são apresentadas como citações e colagens de diversas paisagens sonoras na construção de uma forma estratificada.