VELHICE E MEMÓRIA DISCURSIVA: TENSÕES ENTRE RETOMADAS E DESLOCAMENTOS
Helson Flávio da Silva Sobrinho - UFAL
Este trabalho propõe refletir sobre a memória discursiva e seus processos tensos entre retomadas e deslocamentos. Para isso, iremos analisar, a partir da fala de velhos/idosos, os sentidos atribuídos à velhice. Apoiados em Michel Pêcheux, tomaremos a memória como um espaço móvel de polêmicas, réplicas e contra-discursos e, assim, desenvolveremos nossas análises buscando compreender a nervura do discurso sobre a velhice como uma inscrição no real sócio-histórico. É preciso ressaltar que o discurso não é independente das redes de memória e dos trajetos sociais nos quais ele irrompe, por isso, enfatizaremos a retomada da memória enquanto re-atualização de sentidos levando em consideração as condições de produção do discurso e as relações de reprodução/transformação das relações sociais de produção. Mais que relações de forças, a memória também tem a ver com a ideologia, nesse sentido, ela também é conflituosa e contraditória, por isso, funciona na dialética de uma ausência/presença determinada pelas contradições sociais de uma dada sociedade. A nosso ver, as condições de produção e os conflitos históricos afetam o movimento da memória que é convocada para ser re-atualizada. As relações tensas entre retomadas e tentativas de deslocamentos revelam as posições dos sujeitos diante do real sócio-histórico, sobretudo, revelam os interesses em jogo em uma conjuntura histórica determinada.