ANÁLISE DE PROPAGANDAS DE REMÉDIO VEICULADAS EM 1942, NO JORNAL "A REPÚBLICA"
Amanda Tavares - UFRN
Maria Hozanete Alves de Lima - UFRN
Sabendo da importância histórica e social do gênero textual jornalístico, de sua diversidade de subgêneros e ainda de sua riqueza lingüística, analisaremos neste artigo alguns aspectos da publicidade veiculada no jornal potiguar "A República", que circulou entre 1890 e 1970. Este jornal representa um vasto memorial da sociedade do Rio Grande do Norte, e os diferentes gêneros textuais que convivem neste veículo midiático configuram um amplo corpus de trabalho para estudiosos da linguagem, seja sob uma perspectiva diacrônica, seja sob uma perspectiva sincrônica. Desta maneira, observaremos, mais especificamente, alguns mecanismos lingüísticos existentes na propaganda da década de 1940, com base nos anúncios do medicamento renal "Helmitol", publicados no ano de 1942. A partir de teorias sobre gêneros textuais e sobre a materialidade do discurso, mostraremos, no corpus selecionado, como o texto publicitário da época em questão possuía configuração diferente da que conhecemos hoje. Estruturalmente, as propagandas lançavam mão de um recurso interessante: a criação de narrativas fictícias, formatadas como se fossem histórias em quadrinhos que metaforizavam situações reais, com a finalidade de sobrecarregar os discursos com efeitos de veracidade, de modo que convencessem o leitor/consumidor da eficácia do produto. Em relação às falas-textos - seja do "autor", seja das personagens, nossos dados entre cruzam vozes de discursos específicos, ora ressaltando a estrutura de uma sociedade, ora de uma cientificidade relativa ao "saber" da medicina.