A DIMENSÃO AVALIATIVA DA SUSTENTAÇÃO NA FALA ARGUMENTATIVA DE PROFISSIONAIS DE UMA EMPRESA BRASILEIRA EM PROCESSO DE MUDANÇA

Amitza Torres Vieira - UFJF

Este estudo tem como objetivo investigar a dimensão avaliativa da sustentação na fala argumentativa de profissionais de uma empresa brasileira em processo de mudança. A análise fundamenta-se em pressupostos teóricos da argumentação (Shiffrin, 1987; Gryner, 2000; Gille, 2001), em estudos que tratam do discurso de opinião (Shiffrin 1990; Shi-xu, 2000) e em trabalhos realizados no âmbito da avaliação (Labov, 1972; Linde, 1997). A metodologia da pesquisa compreende a análise qualitativa e interpretativa de seqüências argumentativas em entrevistas realizadas com quatro empregados da empresa, acerca de como avaliam a atuação do grupo gestor da organização e de como vêem as suas próprias possibilidades de atuação neste contexto. De acordo com o modelo potencial de argumentação proposto por Vieira (2007), a sustentação nas seqüências argumentativas investigadas é expressa pelos movimentos argumentativos (MA) de APOI: justificação (geralmente introduzido pelos conectivos causais porque e que explícitos ou recuperáveis no contexto) e evidência (realiza-se por evidência formal e exemplo). Em ambos os casos, são argumentos racionais ou fatos que estão sendo apresentados como sustentação das opiniões e neles muitas vezes não há nenhum traço de subjetividade, pois são formatados como objetivos. Entretanto, eles nos fazem inferir quais valores da sociedade o locutor está avaliando. Ou seja, relacionam-se tanto à objetividade quanto à subjetividade, pois mostram a opinião de um indivíduo, mas desse indivíduo projetado a partir de normas sociais. Também ocorrem MA de sustentação por meio de narrativas factivas, hipotéticas e fictivas (cf. Oliveira et al., 2007). Elas podem ser apresentadas como sustentações objetivas sinalizadas por pistas de expressão subjetiva, mas, quando não há nenhuma marca de subjetividade, são formatadas inferencialmente por meio de fatos objetivos (Wegman, 1994) e revelam a avaliação subjetiva do locutor sobre normas ou comportamentos sociais (cf. Shi-xu, 2000).