CIÊNCIA E ARGUMENTAÇÃO NA ELABORAÇÃO DE JUSTIFICATIVAS DE MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO
Gilton Sampaio de Souza - UERN
Rosa Leite da Costa - UERN
Entre as características de uma monografia de graduação, destaca-se a necessidade de apresentar temática única e ter um problema de investigação bem delimitado, uma vez que, para convencer seus interlocutores da pertinência da temática e da relevância do problema a ser investigado, é preciso que o orador levante hipótese e/ou questão de pesquisa e elabore argumentativamente a justificativa para que o(s) interlocutor(es) possa(m) ser convencido(s) dessa pertinência. É nesse aspecto que observamos que há uma maior interseção entre ciência e argumentação no texto acadêmico. Objetivamos, neste trabalho, verificar como as questões centrais de pesquisa (ou teses) de monografias de graduação são argumentativamente construídas, considerando a constituição do ethos dos sujeitos (autores), os argumentos que ancoram e reforçam a pertinência da questão central (logos), no processo dialógico entre estes e os possíveis leitores, os interlocutores. O corpus para análise é constituído de justificativas de três (03) monografias escritas por concluintes do Curso de Ciências Econômicas do CAMEAM/UERN, semestre 2007.2. Este trabalho está vinculado a uma pesquisa institucional, que tem apoio financeiro da UERN e do CNPq (SOUZA, 2008a). Para condução dessa investigação, apresentamos a seguinte pergunta: como se dá o processo de argumentação nas justificativas das temáticas e/ou dos problemas abordados em monografia de graduação? E, como desdobramento dessa pergunta principal: quais técnicas argumentativas se apresentam como axiais e quais se apresentam como de ancoragem? Que interlocutor está pressuposto nesses textos? Como o ethos do orador (autor da monografia) se apresenta no texto? Esse trabalho está vinculado teoricamente aos estudos da Nova Retórica (ou Teoria de Argumentação no Discurso), especialmente nas discussões de Perelman-Tyteca (1993; 2002), Reboul (1999), Souza (2008a), entre outros, e, na concepção de língua como interação social, segundo Bakhtin (1995; 2000). Acreditamos que os resultados dessa pesquisa colocam em foco a necessidade de discussão sobre o papel da argumentação na construção de sentidos do texto monográfico, assim como na necessidade de discussão sobre a função das teses/hipóteses e/ou questões de pesquisa na produção de monografias e, ainda, na formação inicial de futuros pesquisadores.
Palavras-chave: Texto. Argumentação. Discurso acadêmico-científico. Ensino superior.