FRAGMENTOS DE UM DISCURSO HEMORRÁGICO - ROLAND BARTHES E SYLVIA PLATH NO INFERNO
José Mariano Tavares Junior - UERN
Este trabalho aspira encontrar, guiando-se pelos fragmentos do que Roland Barthes chamou de discurso amoroso, a presença de uma voz dominada pelo Eros por trás do discurso furioso e violento encenado no corpus dramático dos poemas do livro Ariel, de Sylvia Plath. Para Barthes o amor provocaria no sujeito uma febre de linguagem incontrolável, e as imagens presentes nesse discurso nasceriam então de seus delírios e excessos. Parte-se do princípio de que o sujeito dominado pelo amor − o sujeito amoroso − forja para si imagens ambíguas de felicidade e sofrimento. Para ele, só a realização amorosa e a presença do outro podem levá-lo à plenitude de seus desejos físicos e emocionais. Os poemas que compõem Ariel são pequenas narrativas lírico-dramáticas que recontam tragédias pessoais e eventos cotidianos, ao mesmo tempo em que os ficcionaliza. O “método” plathiano reinventa e parodia a realidade, tomado de uma fúria irracional que o aproxima da alucinação. O discurso violento e furioso presente nos poemas nascem uma como tentativa de eliminação do tormento pessoal através da escrita, expandindo pequenos eventos cotidianos até o limite da metáfora. Sua escrita de constrói pela utilização da memória e do inconsciente como matéria-prima. Nosso objetivo é tentar encontrar, talvez, a ambigüidade dessa voz narradora que revela, sob superfícies de ira e rancor, o impulso devastador de Eros.