A METÁFORA NA REALIDADE NÃO-ESCOLARIZADA
 
Estêvão Domingos Soares de Oliveira - UFPB

Normalmente, os estudos realizados sobre a linguagem tratam da metáfora como sendo um mero instrumento lingüístico, limitando, assim, seu emprego a áreas da Literatura e, conseqüentemente, aos usos da variedade lingüística adquirida por meio da escolarização formal. Neste trabalho, apresentamos o modo como os processos metafóricos se concretizam também no discurso dos indivíduos sem escolarização, o que evidencia, assim, a natureza conceptual da metáfora, atestada pelas capacidades lingüístico-cognitivas desses falantes. Abordaremos – com base nos dados coletados por meio de entrevistas feitas com falantes sem escolarização – as relações entre a metáfora na linguagem e a metáfora conceptual, buscando, dessa forma, elucidar características lexicais atribuídas a essas abstrações. Com este propósito, foi desenvolvida uma análise das operações sócio-cognitivas que atuam na produção lexical desses falantes. Fundamentado nesta análise, postulamos as metáforas conceptuais como sendo um domínio cognitivo que é acionado ao mesmo tempo em que se dá o processo de categorização, logo, o falante constrói metáforas conceptuais com igual nível de complexidade conferidos a falantes mais escolarizados – independente do conhecimento que o indivíduo tem sobre certos assunto –, comprovando que, a nível cognitivo, a variável anos de escolarização não é condição determinante para que o raciocínio metafórico faça parte do cotidiano desses indivíduos.