MODELOS MULTI-REPRESENTACIONAIS EM FONÉTICA E FONOLOGIA: A TEORIA DE EXEMPLARES E SEU NOVO MODELO DE PROCESSAMENTO COGNITIVO SEGMENTAL 

Clerton Luiz Felix Barboza - UERN
Katiene Rozy Santos do Nascimento - UECE

A teoria fonológica tradicional assume explicitamente que apenas propriedades contrastivas ocorrem nas representações fonológicas das línguas naturais. Esta mesma proposta metodológica assume, por extensão, que a variação existente e retratada em inúmeros estudos sociolingüísticos é descartada no processo de reconstrução mental das unidades lingüísticas contidas no sinal acústico. A Teoria de Exemplares, diferentemente da visão tradicionalista discutida anteriormente, implica no reconhecimento de que a estrutura fonológica é construída a partir da representação mental formada pelo armazenamento da totalidade das características fonéticas de um dado elemento lingüístico. Estas representações mentais agrupam-se em nuvens de exemplares semelhantes e constituem o foco da teoria em questão ao possibilitarem a generalização de produção e percepção a partir de exemplares armazenados anteriormente. Ao acrescentarmos o detalhe fonético às nossas discussões fonológicas, temos um novo modelo em que a distinção clássica entre a fonética e a fonologia passa a não ser mais aplicável. A Teoria de Exemplares baseia-se principalmente no papel da freqüência de uso, dos detalhes fonéticos característicos, da memória na formação mental dos exemplares. O novo modelo de representação fonológica aponta ainda novos rumos a serem seguidos no que diz respeito ao entendimento dos processos de produção/percepção e da necessidade de normalização de unidades lingüísticas. Discutiremos, no presente trabalho, possibilidades de uso da Teoria de Exemplares na descrição dos processos de aquisição/ descrição segmental de exemplares do inglês língua estrangeira e de variedades regionais do português brasileiro.