MONOTONGAÇÃO: ANÁLISE DE UM PROCESSO VARIACIONISTA NO BREJO DA PARAÍBA
Luana Anastácia Santos de Lima - UEPB
Considerando a heterogeneidade da língua, e que a mesma sofre constantes mudanças, a presente pesquisa trata da variação lingüística na região do Brejo Paraibano, observando especificamente o processo de monotongação na referida região. Os objetivos principais da pesquisa são traçar um perfil da freqüência do processo de monotongação na comunidade lingüística do Brejo Paraibano; verificar a maior freqüência: apagamento ou preservação dos ditongos passíveis de monotongação e estabelecer os fatores que favorecem ao seu apagamento; e apresentar uma possível explicação para o fenômeno, com base nas variáveis sociais e estruturais. A metodologia utilizada na pesquisa baseia-se no modelo teórico-metodológico da Sociolingüística quantitativa. Dessa forma, realizou-se um levantamento de um corpus de língua falada, que abrange seis entrevistas de informantes, caracterizando a comunidade do Brejo Paraibano. Estes informantes foram escolhidos aleatoriamente e classificados por estratos: idade, sexo e anos de escolarização. Após a coleta dos dados, estes foram submetidos ao programa computacional Goldvarb X, utilizado em pesquisas de variação lingüística. A partir dos resultados fornecidos pelo programa computacional, compete ao pesquisador atribuir explicações lingüísticas para cada processo encontrado nas estatísticas. Entre as variáveis lingüísticas apresentadas, as que foram selecionadas como relevantes para o estudo em questão foram: Contexto fonológico seguinte, Classe de palavras, Sexo, Extensão do vocábulo e Contexto fonológico anterior. Na subcategorização da variável “contexto fonológico seguinte” destaca-se a predominância da monotongação quando o contexto fonológico seguinte é lateral, com peso relativo de 0.2. Já no fator “Classe de palavras” o ditongo é favorecido quando a palavra é um verbo, com peso relativo de 0.27. Ao que diz respeito a variável “Sexo”, a monotongação ocorrerá mais entre as mulheres, com peso relativo de 0.34. Já no fator “Extensão do vocábulo” os monossílabos e dissílabos favoreceram mais a monotongação, com peso relativo 0.41 e 0.35, respectivamente. Por fim, em relação à variável “Contexto fonológico anterior” o monotongo se sobressairá quando antecedido de uma lateral, com peso relativo de 0.15. Dentro do corpus pesquisado na região do Brejo da Paraíba, pode-se concluir que há maior ocorrência de monotongação, apesar do corpus ser composto por pessoas com alto nível de escolaridade (universitários). Uma possível explicação é que esse fenômeno não se trata de uma variação estigmatizada, e embora não seja uma variável padrão, é usada nos mais diversos níveis culturais. Devido à restrição do corpus, ainda é cedo para apontar se o fenômeno pode ser classificado como variável estável ou variação em mudança.
