A NARRATIVA LITERÁRIA E O LEITOR: UM DIÁLOGO MEDIADO PELA ALUSÃO

Denise Gonzaga dos Santos - UESC

Este artigo é parte de uma pesquisa que temos desenvolvido na área de Lingüística, do programa de Iniciação Científica-UESC, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb). A nossa proposta aqui é, ao investigar o jogo alusivo presente nas estratégias textuais de leitura do livro Memórias de Lázaro, de Adonias Filho, fornecer subsídios para o estudo e a interpretação da narrativa literária em sala de aula, à luz da teoria da alusão, possibilitando ao aluno a leitura tanto pelas relações de simetria, quanto pelas relações de assimetria. Para a construção do presente artigo, utilizamos a teoria da alusão, com base nos estudos realizados por Torga (2001), que considera a alusão como a estratégia mediadora dos movimentos da intertextualidade, a qual se constitui no espaço da memória. Enquanto estratégia de leitura e escrita, a alusão permite aos leitores formar imagens que dialogam com partes do texto, as quais se relacionam a outras partes, formando um todo, no movimento da mediação. Entendemos que o papel da alusão não é só fazer avançar ou recuar a narrativa, mas sim formar essa figura do todo, a partir de pequenos índices e citações, indiciando as peças que o leitor empírico vestido de leitor- modelo moverá para a construção do sentido no texto literário (Torga, 2001). Os pressupostos teóricos que sustentam a pesquisa são defendidos por Bakhtin (1997), Torga (2001), Eco (1986), Kosik (1995), Hall (2005), Cury (1982), Campos (1986), Marcuschi (2005), Brockart (1999). A metodologia utilizada é basicamente a que sustenta uma pesquisa qualitativa, e tem na fenomenologia dialética as luzes que iluminam(rão) a coleta e análise dos dados. Provisoriamente, entendemos que o leitor pressuposto do gênero literário é aquele que faz o jogo alusivo previsto pelo autor empírico.

Palavras-chave:
Alusão. Estratégias textuais. Memória. Narrativa literária.