PSICOLOGIA, CIÊNCIA E “VIDA OBJETIVA”: QUAL O FAZER?

Francisco Mayccon Passos Costa - UEPB 
João Valério Alves Neto - UEPB

O referido texto pretende problematizar o lugar da Ciência Psicológica enquanto produção legítima do conhecimento, bem como esta cultura permeia as produções da Academia e dos mestres nela imersos. Nosso trabalho foi construído a partir das nossas vivências em extensão universitária realizada numa instituição pública de saúde na cidade de Campina Grande – PB. Os resultados levados para as supervisões foram confrontados com as leituras que minimamente norteavam nossos fazeres, suscitando questões outras que, ao nosso entender, necessitam de uma reflexão crítica da ciência “plugada” com a “vida objetiva” dos sujeitos da nossa demanda, quais sejam: a) as produções científicas que nos davam suporte não eram suficientes para dar conta da realidade com a qual nos deparamos; e b) o conhecimento produzido pelos sujeitos de nossa demanda, traziam uma visão de mundo ampliada a partir do saber dito “popular” que, por vezes, superava a produção acadêmica. Disto, surge uma reflexão: as falas e/ou as leituras até então dentro da academia sempre colocava o homem/mulher como um individuo isolado de seu contexto social, a-histórico e marcado pela “natureza humana”. As teorias psicológicas até aqui apontavam para um sujeito que pertencia a um registro que não correspondia ao encontrado em nossa experiência. Evidentemente, esse fazer estar permeado pela história da Psicologia no Brasil que surge como uma ciência responsável pelo não sofrimento do outro e que sempre se coloca no lugar de ajustar o que está desajustado, ou seja, algo salta as normas e precisa ser enquadrado. Devemos atentar para a riqueza das falas do outro no cotidiano da sociedade, para que a partir de então possamos lançar um olhar, que minimamente passeie pela realidade dos sujeitos e que seja contextualizado com a sua “vida objetiva”. Isto posto, podemos estar contribuindo para a transformação social dos mesmos, marcada pelo cuidado de não cair nas “armadilhas do cientificismo”, fugindo de um fazer autoritário e segregador. Devemos problematizar as práticas sociais, sempre tomando o cuidado de construir um saber que perpasse de forma genuína a relação com o outro e sua alteridade.